Dia 375 - A própria vida


Quem me conhece sabe...
E quem não conhece, pode ler
O quanto, as vezes, sou expansiva no meu sentir
Defendo tudo que acredito com paixão
E luto, com o que me for possível, pelo que acredito e quero
Mas, me recolho também
Tem dias que sinto-me tão cansada
Chego a pensar em aderir aos que nada dizem
Ir em fila indiana aos que todos fazem
E sentar no banco dos que se conformam

No entanto, há em meu peito uma chama
Que inflama a vontade de Ser e vai 
ao encontro do inconformismo nem sempre aparente em mim
É injusto Meu Deus! Se calar para a vida, ignorar os sentimentos, 
não dizer as palavras ou não ser o que se é
O que vale a pena então?
Para quê tanta vida, para quê este nome, se não viver?
É incoerente
Perde-se o sentido, literalmente

Não sou, alguém extremamente forte ou corajosa, não sou
Já chorei ocultada por paredes, por travesseiros, no banheiro
Já chorei ao lado e ninguém percebeu
Amordacei dores, amores, desejos e frustrações
E também as minhas amadas palavras
Várias, várias vezes
Sou humana para o tudo
Sou humana para o nada

Mas também já baguncei outros mundos
Me entreguei inteira, generosamente
Comi maças diretamente da macieira
Só para saber o que vinha depois

Já fiz e falei, sem me importar com o que os outros pensam
Já me importei e sofri demais
Mas, nunca, deixei de me colocar no lugar de alguém
Principalmente, alguém que sofre

Nunca fui irresponsável, absolutamente 
Não tento ser amável, eu sou
Mas, nem sempre dócil

Já fui a escolha certa da hora errada
E a escolha errada, que continuou errada
Nem sempre a escolhida
Nem sempre amada
E amada, sem dar amor
E amei por quase nada
Sempre
Intensa
Como o próprio Amor
Só Sou quando amo
E Amo

Já escolhi errado
Aprendi
Eu tentei
E ainda tento
Dentro de mim nada morre

Escrevi e não compreenderam minhas palavras
Já me compreenderam em poucas palavras
Me sentiram sem eu dizer nenhuma palavra
Já me expressei tanto, que não entenderam nada
E por não entenderem foram embora
Fiquei sem saber o final da história

Tentaram me calar e eu criei metáforas
E da minhas metáforas meus mundos
E dos meus mundos a minha vida
E da minha vida meus sonhos
E dos meus sonhos
O Amor que tenho em mim
Como chama inapagável
Como letras gravadas em pedra
Num coração que já foi tão machucado

Eu sou uma pedra
Que sob o sol se aquece
Que sob o frio se sente impotente
Que ao vento não se rende
Condenada a sua condição de ser 
Feliz ou não

Matematicamente inexata
Cheias de mil quimeras,
 Guardadas para um grande amor
Como se lhe valesse a dor,
tanto quanto o Amor,
o sentindo da própria vida


Comentários

naty disse…
Mais do que lindo... Sentimental e sincero!
Obrigada por compartilhar esse lindo poema conosco.
Elvira Carvalho disse…
Fiquei sem palavras.
Deixo um abraço.