Dia 62 - Se se morre de amor

Quando estudara literatura na adolescência o que mais gostava era do Período Romântico e seus poemas dramáticos, cheios de amores impossíveis, faziam todo sentido naquela época, onde toda nova paixão prometia uma história de amor.

Eu tenho duas amigas desta época que compartilharam comigo essa admiração pela poesia Romântica, tenho certeza que se lembraram de nossas conversas de intervalo, embaixo da nossa árvore e de todos os sonhos que juntas compartilhamos e dos momentos que para sempre nos lembraremos com muito amor e carinho.

Então queria hoje gravar um poema neste blog, como gravamos nossa amizade na árvore, em homenagem ao amor e seus conflitos, e em homenagem a amizade e todo seu carinho desinteressado.


Um brinde a amizade que nos faz leves, sejam amigos novos, com palavras de carinho e atenção, ou amigos antigos, com nossos momentos eternos.
Um brinde ao amor, eterna busca de nosso coração!


Cena do filme "Somewhere In Time" - Em Algum Lugar do Passado

Se se morre de amor!
- Não, não se morre,
Quando é fascinação que nos surpreende
De ruidoso sarau entre os festejos;
Quando luzes, calor, orquestra e flores
Assomos de prazer nos raiam n'alma,
Que embelezada e solta em tal ambiente
No que ouve e no que vê prazer alcança!


Simpáticas feições, cintura breve,
Graciosa postura, porte airoso,
Uma fita, uma flor entre os cabelos,
Um quê mal definido, acaso podem
Num engano d'amor arrebentar-nos.
Mas isso amor não é; isso é delírio
Devaneio, ilusão, que se esvaece
Ao som final da orquestra, ao derradeiro


Clarão, que as luzes ao morrer despedem:
Se outro nome lhe dão, se amor o chamam,
D'amor igual ninguém sucumbe à perda.
Amor é vida; é ter constantemente
Alma, sentidos, coração - abertos
Ao grande, ao belo, é ser capaz d'extremos,
D'altas virtudes, té capaz de crimes!
Compreender o infinito, a imensidade
E a natureza e Deus; gostar dos campos,
D'aves, flores,murmúrios solitários;
Buscar tristeza, a soledade, o ermo,
E ter o coração em riso e festa;
E à branda festa, ao riso da nossa alma
fontes de pranto intercalar sem custo;
Conhecer o prazer e a desventura
No mesmo tempo, e ser no mesmo ponto
O ditoso, o misérrimo dos entes;
Isso é amor, e desse amor se morre!


Amar, é não saber, não ter coragem
Pra dizer que o amor que em nós sentimos;
Temer qu'olhos profanos nos devassem
O templo onde a melhor porção da vida
Se concentra; onde avaros recatamos
Essa fonte de amor, esses tesouros
Inesgotáveis d'lusões floridas;
Sentir, sem que se veja, a quem se adora,
Compreender, sem lhe ouvir, seus pensamentos,
Segui-la, sem poder fitar seus olhos,
Amá-la, sem ousar dizer que amamos,
E, temendo roçar os seus vestidos,
Arder por afogá-la em mil abraços:
Isso é amor, e desse amor se morre!

(Gonçalves Dias, Se se morre de amor)

UM LINDO FIM DE SEMANA A TODOS!!! Da sua amiga Geo

Comentários

Anônimo disse…
É Geo de Amor se morre, por Amor se sonha, de Amor se vive. O Amor é a mola que faz girar o mundo - ou que deveria fazer girar o mundo, já que meio mundo anda a reboque do ódio, envolvendo-se em guerras e guerrilhas.
Muito bonito o poema.
Bom fim de semana para si também